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quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Mão Morta Re-Transfigurada !


Budapeste, 1º Novembro, 2.45 da manhã...

Depois de saírem das caves de Rock & Roll, enrolaram um joint e mergulharam os dois no vazio da noite de Inverno de 91. Procuravam na cidade morta, o hotel que o dealer lhes tinha sugerido...
Por fim, surge no horizonte um hipnótico e apático néon que os guia...

Tu disseste : «Este Hotel não é nada de jeito...»
Eu disse : «O Müller é que recomendou...»
Tu disseste : «Até o ar da latrina é irrespirável...»
Eu disse : «Podem não ser os anjos da pureza, mas a esta hora só se ficássemos com o Mustafá no Grande Bazaar...»
Tu disseste : «Enfim...então e se ligasses a teelvisão para ver se tá a dar alguma coisa em directo ? »
Eu disse : «Não consigo. É mais fácil perceber como voa o avião...»
Tu disseste : «É mais fácil antever a chegada de um tufão do que tu deslindares alguma coisa...»
Eu disse : «Bom...seja como for, eu tava mais naquela de fazer um festim carnal...»
Tu disseste : «Pois bem, se quiseres por este Vénus em chamas, tens que mandar vir primeiro qualquer coisa para comer...»
Eu disse : «Porra, pareces um veado com fome, oub´lá...»
Tu disseste : «Queres Big Fun, tens que perseguir o fogo e mandar vir champagne quente & caviar !»
Eu disse : «...e se depois o desejo partir?»
Tu disseste : «Olha...corre atrás dele...»
Eu disse : «Maria, Oh Maria...tás-te a armar em rainha do rock & crawl...anda lá pó quarto, porra !»
Tu disseste : «Então..começa lá com massagens suaves, vá...»
Eu disse : «Mau ! Eu vou-te enfiar no quarto nem que seja a arrastar o teu cadáver !»
Tu disseste : «Nota-se o desespero...já pareces um cão da morte a bafejar no meu pescoço...»
Eu disse : «Mulher para f*der e garrafa de vinho para beber...»
Tu disseste : «...»

De repente...um grito ! 
Atinge a quietude como um gume frio da navalha até ao osso...
A dor...

Tu disseste: «Ahhhhh ! Tá um escorpião com sida no quarto !»
Eu disse : «...e eu a ver se alguém me faz um bico...»
Tu disseste : «Ai que eu vou vomitar !»
Eu disse : «Não te stresses...a mancha continua no mesmo sitio...»
Tu disseste : «Pois...não se passa nada. Realmente acabamos por gostar do medo...»
Eu disse : «É o medo que nos vem acariciar ! O desejo ferve em mim...»
Tu disseste : «De quoi tu parles quand tu parles d'amour ?»
Eu disse : «Queres-me animal...para tratar mal...como uma luxuria canibal...como um capricho...»
Tu disseste : «Où sont les nuits formidables qui nous ont promis le ciel ?» 
Eu disse : «Ok...já percebi...Tou mesmo a ver que vou ter mandar vir um gin tónico e chamar duas empregadas do hotel para ter uma orgia Scherzo...»
Tu disseste : «Se fosse a ti, pegava na merda do Traby, corria Peste, corria Buda e quando visse a primeira chabala linda de morrer com mini-saia a matar que encontrares na noite fria e envolta de nevoeiro, e satisfazia esses desejos mecânicos ...» 
Eu disse : «Oh que...paciência, oub´lá
Tu disseste : «Tás a destilar esse ódio para quê ?!»
Eu disse : «Olha, alivia-te sozinha com essas peçonhentas mãos de bruxa !»
Tu disseste : «Quero é que tu te bás f*der !»
Eu disse : «...»

Ninguém dizia nada. O silêncio...

Tu disseste : «Acho que vou espirrar...»
Eu disse : «O que é que isso interessa ?»
Tu disseste : «Atchimmm!»
Eu disse : «Santinho...»
Tu disseste : «Obrigada...»
Eu disse : «d'Nada...»

Ficaram ambos a murmurar no desejo de aliviar a tensão...
Quem ganhou, ganhou...o que alguém perdeu... 

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